Pressão pode fazer Oracle mudar
ma saída seria criar uma entidade independente para controlar o desenvolvimento de soluções baseadas nessa linguagem de programação.
A comunidade Java está bastante preocupada com o futuro da linguagem de programação, especialmente depois que a Oracle processou o Google por infringir patentes da tecnologia no sistema operacional Android. Mas, de acordo com James Gosling, conhecido como o pai do Java, ainda há uma chance de fazer a fornecedora mudar de ideia.
Segundo Gosling, se houver uma pressão de mercado, a empresa pode retomar uma proposta, que já tinha sido apresentada em 2007, de criar uma fundação independente para o desenvolvimento Java. “Isso pode acontecer se um número suficiente de clientes manifestar revolta. Mas teriam de ser usuários da Oracle, uma vez que são eles que rendem dinheiro para a companhia”, analisa.
A Oracle ganhou o controle da Java depois da compra da Sun. Gosling, que ficou um tempo curto na fornecedora após a aquisição, refere-se a uma proposta feita pela Oracle, há dois anos, como membro do Java Community Process (JCP), organização responsável por controlar o desenvolvimento da linguagem. A sugestão era transformar o grupo em uma organização aberta, desvinculada de fornecedores, na qual todos os membros teriam o mesmo nível de participação.
Até o momento, a Oracle não se pronunciou a respeito de retomar a proposta, o que só deve ficar claro durante a conferência JavaOne, que será realizada no mês de setembro. Na agenda do evento, está prevista uma discussão a respeito dos investimentos e inovações previstas para o Java, com a participação do CEO da Oracle, Larry Ellison, e de outros executivos do alto escalão da companhia.
O analista da consultoria Forrester Research, John Rymer, acredita que não existe possibilidade de a Oracle estimular o cenário levantado por Gosling. “As circunstâncias mudaram. Naquela época, eles tinham outra posição e olhavam a tecnologia com os olhos de quem está de fora. Agora, como donos do Java, há pouco interesse em compartilhar o controle. As coisas devem permanecer como estão”, avalia Rymer.
O próprio Gosling acha difícil que o cenário previsto por ele aconteça. “A proposta de 2007 fazia parte de um jogo, sem princípios que almejassem o bem comum”, disse. No entanto, ele informa que não acredita no fim do Java. “Trata-se de uma tecnologia chave em muitos dos negócios da Oracle. Acabar com isso iria prejudicá-los mais do que a qualquer outro”, completa.