Demissões na Motorola indicam que Google só queria patentes
Analistas afirmam que cortes seriam indícios de que a gigante das buscas só queria colocar as mãos nas 17 mil patentes quando comprou a fabricante
A decisão do Google em demitir 20% dos funcionários da Motorola Mobility fez ressurgir o medo de que o objetivo principal da gigante ao adquirir a Motorola em maio deste ano era colocar as mãos nas 17 mil patentes que pertencem à fabricante de celulares.
“Todos na Motorola estão perguntando [se o Google quer apenas as suas patentes] e ficam com medo da resposta” afirmou Jeff Kagan, analista independente. O anúncio sobre o corte de 4 mil postos de trabalho foi como “um terremoto que sacudiu os corredores da Motorola Mobility. O Google nunca dispensou trabalhadores como acabou de fazer e isso também criou um desconforto entre os colaboradores da própria companhia”.
A Motorola já havia anunciado que tinha a intenção de interromper a fabricação de alguns modelos de celular (cerca de 27, conforme anunciado em 2011) para aumentar sua eficiência no saturado mercado de smatphones. Esse pensamento foi reiterado em uma declaração feita pela empresa à Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA.
Esse documento aponta que as demissões e outras decisões administrativas são “voltadas para fazer com que os dispositivos móveis da motorola voltem a ser lucrativos depois que a empresa perdeu dinheiro em 14 dos últimos 16 trimestres”. A Motorola quer simplificar seu portfólio de produtos, alternando de feature phones para “dispositivos inovadores e mais lucrativos”, destacou a declaração.
Base sólida de patentes
Uma fonte próxima ao Google, que preferiu não ser identificada, revelou que os 12.5 bilhões que a empresa investiu na Motorola são uma aposta a longo prazo e um compromisso com a empresa e seus smartphones e tablets. Há informações de que a Motorola criou uma divisão de Projetos e Tecnologia Avançada com pesquisadores de elite, o que aumenta as expectativas de que o Google ainda tem interesse na empresa.
No entanto, as patentes da Motorola datam desde criação das comunicações por rádio, e isso poderia servir como uma base muito sólida para que o Google se defenda das disputas de patente com a Apple e outras fabricantes. Além disso, a gigante das buscas lançou seu próprio tablet em julho deste ano, o Nexus 7, fabricado pela Asus, enquanto a Motorola possui seus próprios tablets Android. Se o Google quiser apenas as patentes, o que é possível, então é apenas uma questão de tempo para que mais trabalhadores sejam dispensados”, alertou Kagan.
Carolina Milanesi, analista da Gartner, por outro lado, afirmou que os “cortes não necessariamente refletem que o Google irá se livrar dos funcionários e ficar com as patentes. Precisamos esperar e ver o que vai acontecer”. Certamente, adicionou Milanesi, “o corte sugere um estreitamento do foco da Motorola, e menos dispositivos com com apelo geral e mais aparelhos importantes que tenham a experiência do Google”.
Mais do que o hardware em si, o a analista afirmou que o Google representa “um ecossistema e as melhorias da experiência dos serviços da companhia. Ganhar dinheiro com hardware é um jogo que pouquíssimas empresas conseguem vencer nos dias de hoje”.