Infraestrutura como serviço em crescimento

Infraestrutura como serviço em crescimento. Companhias abraçam IaaS, mas questões como falta de segurança e falta de regulamentação ainda são barreira para o modelo.

Cada vez mais estratégica para os negócios, a área de TI é pressionada a dar respostas rápidas. Os projetos precisam ser implementados em menor espaço de tempo e com redução de custos para que as organizações sejam mais competitivas. Muitas avaliam a migração da infraestrutura de tecnologia para a nuvem para que o CIO se liberte das preocupações operacionais e passe a focar mais no business da companhia.

Nesse modelo, infraestrutura como serviço (IaaS) tem sido atraente para variadas companhias que desejam mais flexibilidade em seus ambientes, alinhada à demanda do negócio. “As companhias já estão entendendo os benefícios da nuvem e o cenário promete ser bastante positivo para 2013”, afirma Anderson Figueiredo, gerente de Pesquisas da consultoria IDC Brasil.

Ele acredita que IaaS será a porta de entrada de muitas companhias na nuvem por ser mais fácil avaliar o retorno dos investimentos. Ele observa que o País conta com uma boa infraestrutura de data center para prover esse serviço. “É imaginável um boom de cloud computing em 2013 porque os provedores mudaram a forma de apresentar as ofertas, que antes eram muito complicadas”, constata.

O consultor da IDC menciona como exemplo a dificuldade que os prestadores de serviços tinham para apresentar ao mercado as modalidades de cloud privada e pública. “Agora, eles conseguem explicar os serviços aos clientes e existe muita oferta no mercado local”, relata Figueiredo. As opções devem aumentar mais ainda com o esforço das operadoras de telecomunicações para explorar esse segmento (Veja mais informações na página 28).

Para Renato Pasquini, analista da Frost & Sullivan, a pressão que as companhias estão sofrendo para gerenciar Big Data e a chamada consumerização vão empurrá-las para a nuvem. “Hoje, as empresas processam um grande volume de dados e a infraestrutura precisa estar preparada para não entrar em colapso”, assinala o consultor, prevendo que 2013 será o ano em que cloud computing levanta voo no Brasil, com aumento da demanda por IaaS.

Um estudo global realizado pela KPMG em parceria com a revista Forbes com cerca de 900 empresas revelou que 35% planejam investimentos em IaaS. Elas pretendem deixar de comprar servidores, storage, banco de dados e outros recursos de hardware para aderir ao modelo de computação na nuvem.

Questionadas sobre as razões da migração, 50% apontaram redução dos custos. Outras 39% disseram que a adoção desse ambiente aumenta a interação com clientes e fornecedores, enquanto 35% acreditam que essa prática acelera o time to market.

O estudo da KPMG mostra que as redes privadas são as preferidas por 45% dos entrevistados de aplicações críticas. Embora os executivos acreditem que nuvem ajuda a transformar negócios e modelos de operação, 44% dos entrevistados demonstraram receio em relação às questões de segurança e disseram que esse fator é o que mais gera preocupação na decisão de migração para o novo ambiente. Os riscos com queda de performance foram mencionados por 29%. Já as dificuldades para integração com os sistemas legados foram destacadas por 20% dos participantes da pesquisa.

Relatório do instituto de pesquisas Gartner estima que os serviços de nuvem, somando todas as categorias, vão movimentar globalmente 109 bilhões de dólares em 2012. Desse total, 77% da receita virá de Business Process Services (BPaaS). Entretanto, IaaS vem apresentando leve crescimento.

De acordo com a consultoria, os negócios globais com IaaS deverão gerar faturamento de 6,2 bilhões de dólares este ano, ante 4,3 bilhões de dólares em 2011. Em 2010, essa categoria representava menos que um terço de software como serviço (SaaS).

Para 2016, as previsões do Gartner são de que IaaS crescerá quase na mesma proporção de SaaS, estimulada principalmente pelas pequenas e médias empresas (PMEs) que não têm muitos recursos para investir na compra de equipamentos pelo modelo tradicional para sustentar a expansão dos seus negócios.

Com a chegada das PMEs à nuvem, o Gartner estima que IaaS em redes públicas registrará crescimento de 45,4% em 2012. Estudos da IDC sobre o mercado brasileiro apontam que em 2010 IaaS em ambiente compartilhado movimentou 35,8 milhões de dólares, com representação de 50,3% do setor de cloud computing. Para 2012, a IDC prevê que os negócios na área deverão somar 90,8 milhões de dólares, com expansão de 64%. Figueiredo constata que essa categoria vem registrando incremento superior ao de SaaS.

Na avaliação de Frank Meylan, sócio da consultoria KPMG, o grande salto da nuvem no Brasil deverá acontecer mesmo quando o País tiver regulamentações que reduzam o risco dessa modalidade. Ele observa que no modelo tradicional de outsourcing de TI as empresas sabem onde está o data center e sentem-se mais confortáveis na hora de se livrar da infraestutura. Já a cloud gera insegurança.

“Alguns fatores que inibem a adoção da nuvem são a segurança e a falta de legislação”, acredita Meylan. Ele menciona a dificuldade que o CIO tem hoje para contratar soluções globais. Há restrição para processamento de algumas aplicações além fronteira. O consultor ainda aponta como barreira a legislação tributária do País que muda quase que diariamente, desanimando as empresas que querem abraçar IaaS.