McAfee começa parceria com Intel
McAfee começa parceria com Intel. Para Steve Petrecca, gerente geral da divisão Consumer, empresa de segurança precisa ser multiplataforma e integrar software e hardware.
Como fazer voltar aos trilhos uma empresa que foi uma das principais marcas na área da segurança digital e parece ter perdido o apelo após ser comprada pela maior fabricante de chips do mundo?
Eis o desafio de Steve Petrecca, gerente geral da divisão Consumer da McAfee. Em entrevista ao IDG Now!, ele admitiu que a aquisição bilionária pela Intel deu uma boa diminuída no ritmo da companhia que lutava braço a braço com a Symantec, fabricante do tradicional Norton, pelo domínio no mercado. “Talvez tenhamos demorado um ano além da conta para retomar os lançamentos, mas a partir deste ano isso será resolvido”, diz. “A Intel é muito metódica, e mixar essas culturas leva tempo. Mas a mistura está acelerando”, promete.
Reanimar a McAfee junto aos consumidores não é o único abacaxi para este americano que há mais de 20 anos está na indústria de computação e passou por nada menos que 12 fusões. Assim como a Intel, a empresa foi quase atropelada pelo trem da mobilidade, que está afundando as vendas de PCs no mundo todo. Com isso, o lucrativo negócio de venda de caixinhas de antivírus desabou ladeira abaixo. “Nosso setor está passando por transformações muito grandes”, afirma.
Para retomar os trilhos, ele aposta em uma série de estratégias.
A primeira é o que ele mesmo chama de “modelo Brasil”. A McAfee tem se dado bem ao vender serviços por meio de parceiros como provedores (UOL e Terra), teles (como Telefonica/Vivo e Claro) e fabricantes de PC, explica. O executivo anunciou que os micros da Positivo agora sairão de fábrica com software McAfee.
Para ele, o sistema de assinatura da proteção – tanto para micros quanto smartphones e demais devices – é uma saída do beco atual. “Um usuário de PC gasta cerca de 50 dólares por ano com software de segurança. O único jeito de chegarmos perto disso no mundo móvel é via assinatura”, argumenta.
Outra rota é deixar o “Pcentrismo” para trás. “Precisamos ser uma companhia multiplataforma”, afirma. Nos próximos anos, prossegue, a McAfee precisa estar presente em todo tipo de dispositivo – do desktop ao tablet, passando pelo smartphone, consoles de videogame e o que mais se conectar à Internet. “Hoje há mais smart devices do que PCs conectados, e essa diferença somente irá aumentar”, prevê.
Ele diz que será cada vez mais comum a oferta de um produto “ilimitado e multiplataforma”, que atenda a qualquer dispositivo online que o usuário tenha. “Com o tempo, todos os nossos software deixarão de ser Windows-only”, afirma.
O terceiro pilar da McAfee é agregar serviços à proteção contra o malware. Petrecca diz que proteção contra roubo de identidade e para o browser, sistema para guardar senhas e dados financeiros (secure vault) e controle parental serão focos da empresa nos próximos anos.
Dueto
Mas talvez a cartada mais poderosa seja o dueto com a Intel. O executivo acredita que a união do software da McAfee com o hardware da líder em processadores é peça-chave para diferenciar a empresa na luta contra Symantec, Kaspersky e outras. Ele compara isso a ficar no fundo da piscina, observando tudo o que se passa na superfície — onde os softwares atuais agem, diz.
Ele aponta outros benefícios na junção do software anti-malware com o processamento central: mais velocidade, maior integração ao sistema como um todo (por rodar em nível essencial) e maior dificuldade em ser apagado. Muitos vírus tentam bloquear ou eliminar a proteção antivírus.
Essa união soft-hard será levada para todos os dispositivos – não importa o sistema operacional. Com isso, Petrecca vê vantagens para ambas as marcas — a Intel poderia se consolidar como a plataforma móvel mais segura, graça à união com a tecnologia da McAfee, e superar sua dura batalha com a ARM.
Outro plano é levar o máximo de processamento possível para a nuvem, deixando no dispositivo do cliente um software mais leve o possível – uma das críticas ao modelo atual é que a proteção antimalware deixa o micro mais lento.
De toda forma, Petrecca vê os tempos atuais – crescimento de ameaças, migração para o mundo móvel, ataques vias redes sociais e apps – como excitantes. “Em 2050, teremos 50 bilhões de dispositivos conectados – queremos proteger todos”, garante.